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Authors
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Abstract(s)
O European Food and Nutrition Action Plan 2015-2020 da World Health Organization (WHO, 2015a) relata
que mais de 50% dos adultos europeus apresenta excesso de peso. A mesma entidade, em 2015 (WHO,
2015b), estimava que 600 milhões - quase 1 em cada 10 pessoas no mundo - adoecem depois de ingerirem
alimentos contaminados e 420 000 morrem todos os anos, resultando na perda de 33 milhões de anos de
vida saudável. Posto isto, a literacia alimentar ou a falta da mesma é uma temática premente na
prevenção, manutenção e até no incremento da saúde dos consumidores. E por estas e outras razões a
literacia alimentar já se encontra na agenda política institucional e empresarial a nível mundial.
Na literatura existem múltiplas definições para literacia alimentar, provavelmente por ser um conceito
holístico. No entanto, o Center of Food Literacy (2019) e Truman et al. (2017) definem-na como a aquisição
de competências para a preparação de géneros alimentícios, a compreensão do impacto das escolhas
alimentares na saúde, no ambiente e na economia e o entendimento de que estes impactos não são
experimentados de forma equitativa.
A literacia alimentar pode subdividir-se em componentes que contribuem para o nível da mesma (Rosas
et al., 2020). Entre eles encontram-se a segurança sanitária dos géneros alimentícios (Food safety) e a
segurança alimentar (Food security). Embora sejam dois conceitos distintos, frequentemente existe uma
grande confusão na sua aplicação. O primeiro refere-se ao facto de os géneros alimentícios não causarem
danos à saúde ou integridade do consumidor quando preparados e consumidos de acordo com o uso
pretendido (Food and Agriculture Organization of the United Nations/World Health Organization
[FAO/WHO], 1969). Enquanto o segundo pretende que todas as pessoas, a todo o momento, tenham
acesso físico e económico a um número suficiente de géneros alimentícios seguros e nutritivos que
satisfaçam as suas necessidades (World Food Summit [WFS], 1996). Porém, estas duas componentes
incluem muitas outras e se não foram aplicadas convenientemente poderão afetar significativamente a
saúde dos consumidores, o ambiente, o turismo, o comércio e, concomitantemente, a economia. A
urbanização e as mudanças nos hábitos de consumo aumentaram o número de pessoas que compram e
fazem refeições fora de casa, devido à perda de competências na preparação e no armazenamento de
géneros alimentícios, principalmente nas camadas mais jovens e nos grupos sociais mais desfavorecidos,
para além do referido os horários de trabalho muitas vezes também condicionarem o ato de cozinhar. A
perda de tais competências condiciona fortemente os conhecimentos associados à higiene alimentar e à
capacidade para escolher os alimentos, nomeadamente aqueles que estão condicionados pela
sazonalidade. Outra questão relevante, prende-se com a dificuldade em identificar fontes de informação
sobre nutrição e alimentação fidedignas o que condiciona a interpretação dos rótulos dos géneros
alimentícios. Tal facto tem um impacto enorme, por exemplo, na escolha de géneros alimentícios mais
equilibrados ou alternativos em termos nutricionais.
A globalização desencadeou uma crescente procura dos consumidores por uma maior variedade de
géneros alimentícios, resultando numa cadeia alimentar global cada vez mais complexa e mais longa,
consequentemente questionável em termos de sustentabilidade. Prevê-se também que as alterações
climáticas tenham impacto nas componentes em questão (Food safety e Food security). Estes desafios
colocam uma maior responsabilidade sobre as entidades estatais, os produtores e os consumidores para
garantir o equilíbrio e o bem-estar de todos. Os incidentes “locais”, como a guerra na Ucrânia, ou
mundiais, como a pandemia COVID-19, podem evoluir rapidamente para emergências internacionais
devido à rapidez e à variedade da distribuição de produtos que são afetados por tais acontecimentos.
Outro grande desafio associado à literacia alimentar prende-se com a necessidade de se desenvolverem
ferramentas capazes de quantificar, de forma efetiva, os seus níveis em determinada
amostragem/população/país. Para permitir desenvolver estratégias específicas para a promoção de
hábitos alimentares que reduzam a morbilidade e a mortalidade associadas a dietas desequilibradas.
Description
Keywords
literacia alimentar food safety food security
Citation
Dias, I. (2022) Literacia alimentar – componentes Food safety e Food security. ICCL 2022 - 2nd International Congress on 21st Century Literacies: book of abstracts. p. 60-61. Santarém, julho 2022. https://repositorio.ipsantarem.pt/handle/10400.15/4432