Volume 4 - 2008 - nº10
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- La production des cultures enfantines: ou la culture enfantine comme realite dynamique et pluriellePublication . Danic, IsabelleCette communication a une double ambition concomittante: rendre compte de la production de manières enfantines d’agir et de penser et préciser le concept de «culture enfantine». A la suite de W. A. Corsaro et D. Eder qui définissaient la culture de pairs comme «un ensemble d’activités ou d’occupations habituelles, de valeurs, artefacts et de relations que les enfants produisent et partagent pendant leurs interactions entre pairs» (1990), J. Delalande propose pour définition de la culture enfantine «l’ensemble des connaissances, des savoirs, des compétences et de comportements, qu’un enfant doit acquérir et maîtriser pour faire partie du groupe de pairs» (2006). Indéniablement, le concept a une productivité heuristique et asseoit une veine de recherche nouvelle dans le champ francophone. Des prudences s’imposent pourtant dans son usage, eu égard aux risques de déterminisme et d’essentialisme et il me semble utile de souligner qu’il s’agit d’une réalité ni figée, ni homogène. Pour affirmer les caractères dynamique et plurielle de la culture enfantine, nous nous appuyons sur trois recherches, respectivement sur des enfants de maternelle, de primaire et de collège pour montrer que la culture enfantine n’est pas une somme fixe de pratiques et de représentations mais un processus permanent de production-reproduction-transformation d’une part, et une réalité disparate, hétérogène même au sein d’une seule société. - Esta comunicação tem uma dupla ambição: dar conta da produção de modos infantis de agir e de pensar e precisar o conceito de “Cultura Infantil”. A partir de W. A. Corsaro e D. Eder que definiram a cultura de pares como “um conjunto de actividades ou de ocupações habituais, de valores, artefactos e relações que as crianças produzem e partilham durante as suas interacções de pares”, J. Delalande propõe como definição da cultura infantil “o conjunto de conhecimentos, saberes, competências e comportamentos que uma criança deve adquirir e dominar para fazer parte do grupo de pares” (2006). Inegavelmente, o conceito tem uma produtividade heurística e lança uma nova via de investigação no campo francófono. Porém, impõem-se prudências no seu uso, tendo em vista os riscos de determinismo e de essencialismo e parece-me útil sublinhar que não se trata nem de uma realidade fixa nem homogénea. Para caracterizar o carácter dinâmico e plural da cultura infantil, apoiamo-nos em três pesquisas, respectivamente sobre as crianças da educação pré-escolar, da escola primária e do 2º ciclo, para mostrar que a cultura infantil não é uma soma fixa de práticas e de representações, mas um processo permanente de produção-reprodução-transformação, por um lado, e uma realidade díspar, heterogénea no seio da mesma sociedade.
- "...Porque quando sai de casa fica invisível e eu não sei onde ele está!": Imergindo nos meandros das culturas da infância...Para a desocultação dos amigos imaginários das crianças...Publication . Ferreira, MargaridaO presente artigo responde aos objectivos de uma investigação que, ancorada na Sociologia da Infância, quis averiguar e perceber como é que as crianças manifestam os amigos imaginários nas suas vidas, através da recolha de narrativas das crianças, em contexto de Jardim de Infância. Ao tomarmos as crianças como actores sociais competentes no processo de socialização estamos a reconhecer-lhes um papel activo na construção e determinação das suas vidas e nas vidas dos que as rodeiam (adultos e crianças); valorizando-se a sua capacidade de produção simbólica e a constituição das suas práticas em sistemas organizados, ou seja, em culturas. É nos meandros das culturas da infância que situamos os Amigos Imaginários, as “criações invisíveis”, ou objectos personificados, a “quem” as crianças dotam de vida e com os quais interagem; e cuja fundamentação da sua génese necessitou de um cruzamento multidisciplinar, com a Psicologia, Medicina e Neurobiologia. “Criações invisíveis” que, assumindo o papel de amigos ou irmãos das crianças, se tormam seus companheiros nas aventuras quotidianas… os seus aliados nos momentos “difíceis”… a expressão (e o alcance) da vontade e do desejo… a possibilidade de eliminar os constrangimentos que a realidade apresenta e de viver as oportunidades da fantasia… explorando (e aprendendo com) todas as (suas) contradições e possibilidades… (re)construindo e (re)construindo-se… - The present article responds to the objectives of an investigation which was anchored in the sociology of childhood and intended to discover, through children’s narratives gathered in Kindergarten context, how they demonstrate their imaginary friends in their lives. When we regard children as competent social actors in the socialization process we are taking into consideration their active role in the construction and determination of their lives and of those around them (children or adults), valuing their ability of symbolic production and the constitution of their practices in organized systems or cultures. It is in the middle of childhood cultures that we situate Imaginary Friends, the “invisible creations” or personified objects to “whom” children endow with life and with whom they interact; the fundament of their genesis required a multidisciplinary crossing with Psychology, Medicine and Neurobiology. “Invisible Creations” that, assuming children’s friends or siblings role, become their companions in everyday adventures…their allies in “difficult” times…the expression (and accomplishment) of will and desire…the possibility of ending the troubles that reality presents and of living their fantasy opportunities…exploring (and learning with) all (their) contradictions and possibilities… (re)constructing and (re)constructing themselves.
- Crianças na rua: infância, trajectos de vida e práticas sociaisPublication . Fernandes, SaraTrata-se de uma comunicação simples, fala de gente simples que não percorre um caminho simples e para quem “o que há-de vir” não se perspectiva assim tão simples. Têm entre os seis e os dezasseis anos, e os seus percursos não são, de todo, trechos retirados dos contos de fadas que qualquer um de nós escreve para os seus filhos. Fruto de muitos estudos e investigações, reina, nos nossos dias, a teoria de que o indivíduo se desenvolve de acordo com um poder quase inverosímil de moldagem de identidade, predefinida por padrões impostos pela sociedade. Torna-se normal e apto quem obedece a um percurso linear de ascensão, e ganha direito a um rótulo de "aberração" social, todo aquele que se desvia desta norma que de uma forma normal se impõe. Noutras cidades de Portugal e do mundo chamam-lhes "meninos de rua", mas em Braga, cidade escolhida para a investigação, todos têm família, todos têm casa, mas em casa, "não se sentem em casa"... e então vêm para a rua. Reclamam para si um espaço nu, um espaço vazio, enchem-no; partilham tudo aquilo que não têm com outros que também não têm; aprendem códigos de (sobre)vivência pessoal e familiar num espaço que é no fundo o espaço de todos nós, mas que nenhum de nós reclama; dão-lhe cor, movimento, timbram-no, enchem-no. Numa dissertação em que se dá voz à(s) criança(s) em situação de risco, chocase constantemente com o adulto, com o poder público, capaz de discursos, ora de defesa e protecção à “vítima”, ora de impotência e passividade cúmplice perante o fenómeno, deixando revelar uma adaptação à fatalidade das suas causas e consequências. Num exercício académico que se foi tecendo a partir de uma partilha no terreno, crianças e eu, actores envolvidos nessa mesma partilha, ambos nos assumimos como sujeitos e objectos de um estudo, em que se à partida eu ocupava o lugar do protagonista, e eles, o dos actores convidados, à medida que o tempo ia passando, foi havendo como que uma redefinição, ou melhor, uma re-atribuição desses mesmos papéis. Sob o olhar crítico da Sociologia da Infância e partindo do contributo de uma dissertação de Mestrado pronta a apresentar em Setembro, observa-se e discursa-se o fenómeno crianças na rua, encontram-se algumas causas da sua emergência na sociedade dos nossos dias, descobre-se como se organizam estes actores nestes cenários que são os deles, percebem-se os rituais e as interacções que os mesmos protagonizam, e tentam achar-se algumas medidas de solução para um fenómeno em franca e preocupante expansão no mundo. - This is a simple communication, talking about simple people who are not taking a simple path and for who “Let’s see what happens” is not such a simple perspective. They are not adults; they are children, teenagers and youths. They are between six and ten, twelve years old and their paths are not paved with the fairy tales any one of us would write for our children. Nowadays, as a result of many studies and much research, the theory reigns that the individual develops in accordance with an almost improbable power moulding identity, predefined by standards imposed by society. Whoever follows this linear path of ascension is treated as normal and apt, while who ever deviates from this formal norm earns the right to a label of social “aberration. In other cities in Portugal and the world they are called “street kids”, but in Braga, the city under investigation, they all have a family; they all have a house, but in the house “they do not feel at home”… and so go to the street. They complain of a barren space, an empty space that they want to fill; sharing everything they do not have with others who do not have; they learn codes of personal and family survival in a space which is everybody’s space, but which none of us want; they give it colour, movement, personalising it, and filling it. In a dissertation, which gives a voice to the children at risk, it is a constant shock as an adult, that public powers, capable of speeches defending and protecting the victim, are impotent and passive accomplices in the phenomenon, revealing a fatalistic adaptation to its causes and consequences. In an academic exercise in which children and I were interwoven in an area of land, with both parties taking on the role of subjects and objects of study, in which from the start I occupied the position of protagonist, and they, the invited actors, with the passing of time, would be able to redefine or better still re-attribute the same roles. Under the critical eye of Child Sociology the phenomenon of street kids is observed and discussed and some of the causes of this emergency in our modern day society have been found. How these players are organised in these scenarios is discovered, while the rituals and interactions of the same are understood. Furthermore, there is an attempt to suggest some measures to resolve a phenomenon that is worryingly expanding worldwide.
- A participação das crianças e suas culturas em festas comemorativas: relatos de uma pesquisa com criançasPublication . Delgado, AnaEste artigo discute questões teóricas e metodológicas de uma pesquisa em andamento que focaliza os olhares e impressões das crianças sobre sua participação em festas populares e comemorativas de uma escola infantil. Analiso as culturas infantis, a cultura popular e o hibridismo que marcam as diferentes formas de participação ativa das crianças nas festas e no processo de pesquisa. Os primeiros olhares das crianças indicam as relações de poder entre adultos e crianças, bem como os sentimentos ambíguos concernentes as festas como dor, separação e perda; ou comemoração, alegria e deleite. - This article discusses the theoretical-methodological issues of an ongoing research in which the looks and impressions of children about their participation in popular and commemorative parties at a children's school are focused. It is made an analysis of children's and popular cultures, and of the hybridism that characterizes the different ways of children's active participation in those parties and in the research process. The first looks indicate the power relations between adults and children, as well as the ambiguous feelings regarding those parties, such as pain, separation and loss; or celebration, joy and pleasure.
- Democracy and curriculum: the need to give a new meaning to children and childhood(s)Publication . Libório, Ofélia; Luís, HelenaRecalling one of Dewey thoughts there is a consensus among educators that we should regard early childhood settings and schools as learning spaces for democracy through real life experiences of democratic life. Conceptions of self-centred child, with few realistic ideas about the world and about oneself, make democratic living at the kindergarten impossible. Consequently, democracy learning expresses itself, often in Portuguese early childhood curricula, in the learning of values and morals imposed by the early childhood teacher. These practices are opposite to research results that point to the advantage in children participating in competency development (Bennett, 2004) which is essential to democracy learning. Changing conceptions culturally rooted about the child /children and the curriculum has been in our concern in the early childhood teachers’ initial training (Aveiro University and Santarém Polytechnic Institute). Keeping that purpose in mind, we developed a research project of investigation-action-training with some teacher students and their supervisors. In this paper we present some results from the study developed with 18 teacher-students and 5 supervisors. We present some conclusions and reflection of this study based on content analysis of their learning portfolios and on semi-structured interviews to teacher-students and their teacher supervisors. The results point to the emergence of some ideas inherent to the conception of the child as a social actor with the capacity and ability of participating in the social life. - Resgatando um dos pensamentos de Dewey é consensual entre os educadores a ideia de que devemos encarar as instituições educativas como espaços de aprendizagem da democracia através de experiências de vida democrática. As concepções de criança auto-centrada, com ideias pouco realistas sobre o mundo e sobre si própria, impossibilitam a vida democrática no Jardim de infância. Consequentemente, a aprendizagem da democracia traduz-se, muitas vezes, nos currículos em Portugal, numa aprendizagem de valores baseada numa moralização imposta pelo educador. Estas práticas contrariam indicações oriundas da investigação que apontam para vantagens da participação das crianças quanto ao desenvolvimento de competências (Bennett, 2004) que consideramos essenciais à vida numa sociedade democrática. Com intuito de mudar concepções culturalmente enraizadas sobre criança e currículo, desenvolvemos um projecto de investigação-acção-formação com alunos estagiários e educadores supervisores. As reflexões que apresentamos resultam da análise de conteúdo realizada aos portefólios de aprendizagem dos alunos e a entrevistas semi-estruturadas realizadas a alunos e educadores. Os resultados indicam alguma apropriação de ideias inerentes à concepção de criança actor social, com capacidade de participação na vida social.