Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Como observam Silva e Stoer (2005), na escola pública portuguesa, e
particularmente no ensino secundário, os alunos, aparentemente, beneficiam de uma
“dupla representação”. Por um lado, são representados pelas suas associações, por
outro lado, é também para defender “os interesses morais, culturais e físicos dos
estudantes” 1 (CONFAP) que se abre espaço à intervenção das associações de pais
na escola. Contudo, faltam estudos que se debrucem sobre o modo como se
articulam e convivem estas duas estruturas associativas cujas agendas são,
aparentemente, convergentes. Por isso, neste texto, mobilizando alguns dados
empíricos, pretendemos contribuir para abrir o debate em torno das (des)articulações
entre as associações de pais e as associações de estudantes, conferindo certo
destaque às representações mútuas e à indagação sobre eventuais agendas
concertadas para a intervenção na escola.
Os “fragmentos discursivos” de que partimos, e cuja natureza muito parcelar
desde já reconhecemos, apontam para duas (quase) estruturas, organizadas em torno
de “mundos à parte”, acusando um desconhecimento recíproco (por vezes retórico),
entrecortado por recriminações mútuas, pontualmente amenizadas por algumas
realizações conjuntas, embora tuteladas por uma das partes. No sentido de contribuir
para a dilucidação das desconexões e coexistência tensa entre as associações de
estudantes e as associações de pais, avançamos com algumas “leituras” de
inspiração sociológica e organizacional. No primeiro caso, mobilizando a distinção
entre os processos de familialização, institucionalização e individualização (Edwards e
Alldred, 2000), admitimos a hipótese de as associações de pais e as associações de
estudantes estarem filiadas em “lógicas em tensão” e, portanto, sujeitas a uma
convivência problemática. No segundo caso, admitimos que natureza “dissipativa” das estruturas em apreço, aliada à singularidade da sua inscrição no contexto de uma
organização mais ampla, além de dificultar a sua intraconexão, parece também militar
no sentido de tornar incerta a sua articulação lateral. - As noted by Silva and Stoer (2005), in Portuguese public schools, and
particularly in secondary education, students, apparently, benefit of a “double
representation”. On the one hand, they are represented by their associations, on the
other hand, parents’ associations also have a role in defending “students’ moral,
cultural and physical interests” (CONFAP). However, little is known about the ways of
integrating and enhancing the co-operation of these two associative structures whose
goals are, apparently, convergent. Therefore, in this paper, mobilizing some empirical
data, our aim is to contribute to open the debate about the lack of articulation between
parents’ associations and students’ associations, giving the prominence to the mutual
images and hypothetical harmonized agendas for school intervention.
The “discursive fragments” from which we start, and whose parcelled nature we
acknowledge, point out to two (quasi) structures, organized around “worlds apart”,
showing a mutual ignorance (sometimes rhetoric), intersected by mutual
recriminations, occasionally softened by some joined accomplishments, although
tutored by one side. Trying to contribute to the clarification of the disconnexions and
tense coexistence between parents’ associations and students’ associations, we
suggest some sociologically and organizationally inspired “understandings”. In the first
case, mobilizing the difference between the familialization, institutionalization and
individualization processes (Edwards e Alldred, 2000), an hypothesis may be
highlighted that parents’ associations and students’ associations are anchored on
“logics in tension” and, therefore, subject to a problematic coexistence. In the second
case, the “dissipative” nature of the structures under analysis is also stressed,
associated with the singularity of its inscription in the context of a wider organization.
These two aspects make it difficult the intra-connexion between them, and seem also
to militate in order to make uncertain their lateral articulation.
Description
Keywords
Associações de pais Associações de estudantes Escola Cooperação
Citation
SÁ, Virgínio - Associações de pais e associações de estudantes: amigos, amigos, negócios à parte!. Revista Interacções. Nº 2 (2006), p.244-267
Publisher
Instituto Politécnico de Santarém, Escola Superior de Educação