Volume 2 - 2006 - nº02
Permanent URI for this collection
Browse
Browsing Volume 2 - 2006 - nº02 by Issue Date
Now showing 1 - 10 of 14
Results Per Page
Sort Options
- A relação dos ciganos com a escola pública:contributos para a compreensão sociológica de um problema complexo e multidimensionalPublication . Casa-Nova, MariaTendo em consideração o tradicional afastamento da escola pública das crianças e jovens de cultura cigana, quer em Portugal, quer nos países da Europa onde estas comunidades estão presentes, procura-se neste artigo desenvolver algumas reflexões em torno de alguns dos processos sócio-culturais, complexos e multidimensionais, que estão na origem deste fenómeno. Através da análise interpretativa dos contextos e dos processos observados durante uma pesquisa de terreno de carácter etnográfico, onde a observação participante se constituiu no complexo metodológico privilegiado de recolha de informação, procura-se desconstruir a tradicional e linear explicação deste afastamento baseada na assunção de que “os ciganos não gostam da escola”. - Taking into consideration the traditional withdrawal from public school of children and young people of Gypsy culture, either in Portugal or in European countries where these communities are present, we attempt, in this article, the development of some reflections around some of the socio-cultural processes that are at the source of this phenomenon.Through the interpretative analysis of the observed contexts and processes throughout field research of an ethnographical character, where the participating observation was constituted by the privileged methodological complex of the information collection, we attempt to deconstruct the traditional and linear explanation of this withdrawal based on the assumption that “Gypsies do not like school”.Through the interpretative analysis of the observed contexts and processes throughout field research of an ethnographical character, where the participating observation was constituted by the privileged methodological complex of the information collection, we attempt to deconstruct the traditional and linear explanation of this withdrawal based on the assumption that “Gypsies do not like school”.
- Pais-professores: reflexões em torno de um estranho objecto de estudoPublication . Silva, PedroPretendo, através do presente artigo, contribuir para o debate sobre o papel desempenhado pelos pais-professores, por mim definidos como os que integram o movimento associativo parental (por exemplo, líderes de associações de pais ou representantes dos pais em órgãos da escola) e que acontece serem profissionalmente docentes. A reflexão resulta de um estudo etnográfico por mim conduzido em três escolas públicas do 1º ciclo do ensino básico, na região centro do país, onde me apercebo da importância desempenhada por este actor social no âmbito da relação escola-família. Na Primeira Parte procuro mostrar que a crescente visibilidade social dos pais-professores não constitui um acaso, mas antes se inscreve no cruzamento entre a sua condição de classe e a sua condição profissional. A pesquisa sugere que a condição híbrida dos pais-professores não os torna a priori nem em “mais pais” (“contra” os professores), nem em “mais professores” (“contra” os pais), mas que a sua condição possibilita uma melhor defesa dos interesses dos pais de meios socialmente desfavorecidos. A pesquisa sugere ainda que a correspondência entre graus de ensino de professores e de pais-professores facilita uma relação de maior cumplicidade entre ambos os grupos, enquanto que a não correspondência proporciona uma maior autonomia dos pais-professores face ao corpo docente. Na Segunda Parte procuro mostrar como os pais-professores se revelam constituir um grupo privilegiado para desempenhar o papel de pais-parceiros, aqueles que melhor interpretam a atitude pró-activa dos encarregados de educação no processo de reconfiguração da relação escola-família. - This paper aims to contribute to the debate on the role fulfilled by parentteachers, defined as those who integrate the parent associative movement (such as parents associations’ leaders or parents’ representatives in school boards) and who happen to be teachers. The current notes are the result of an ethnographic study, conducted by me in three public, elementary, schools in the centre of Portugal, where I realized the importance of the role carried out by this social actor in the context of school-family relationships. In Part One I try to argument that the growing social visibility of parent-teachers is not an accident. On the contrary, it is inscribed in the overlapping of their social class condition with their professional condition. The research suggests that the hybrid condition of parent-teachers does not turn them neither “more parents” (“against” teachers), nor more “teachers” (“against” parents), but that their condition makes easier for them to defend parents from a social disadvantaged background. The research also suggests that the correspondence between teachers and parent-teachers school levels facilitates a deeper complicity between both groups, while a non-correspondence promotes a larger autonomy of parent-teachers towards the school teachers. In Part Two I try to figure out as parent-teachers reveal themselves as a privileged group in order to play the role of “parent-partners”, those who better interpret the pro-active attitude of parents in the process of reconfiguration of school-family relationships.
- O envolvimento familiar no processo de decisão dos jovens à saída do 9º anoPublication . Faria, SusanaA influência familiar nos projectos escolares e profissionais dos jovens pode fazer-se sentir de várias formas: transmitindo valores e informações sobre as profissões, actuando como modelo ou impondo uma profissão. Tem, em todo o caso, um papel inquestionável enquanto estruturante das decisões do adolescente, razão pela qual não pode deixar de ser equacionado na análise do processo de decisão vocacional. O presente artigo incide sobre um dos momentos que considero mais problemáticos na vida escolar dos alunos e respectivas famílias – o momento em que é necessário escolher uma área de estudos que dará (ou não) acesso a um curso superior e/ou uma profissão. Com o trabalho de campo que desenvolvi, procurei aceder às diferentes racionalidades presentes nas decisões relativas à continuidade do percurso escolar e/ou profissional, a partir do 10º ano, mas também analisar a “unidade de decisão”, isto é a participação (mais do que influência) de outros actores sociais: professores, orientadores, amigos e familiares. O processo de decisão surge, nesta perspectiva, como um produto social, fruto de constrangimentos vários: representações, vocações e expectativas, por um lado, mas também da pressão familiar, do “seguir os amigos”, da “proximidade de uma escola” ou simplesmente da “fuga a uma disciplina.” Mais do que explicar o processo de decisão dos alunos, procurei compreender a forma como este se desenvolve em cada caso, compreender o modo como os jovens e as famílias lidam com a tarefa identitária, que sentido lhe atribuem e, neste sentido, quais as representações que fazem do meio que os rodeia. Nesta perspectiva, realizei entrevistas em profundidade aos alunos e respectivas famílias, mas recorri também à realização de dois questionários a um conjunto de turmas do 9º ano de três escolas do 3º Ciclo do Ensino Básico (3º CEB) da região de Leiria. O primeiro, administrado durante o mês de Fevereiro de 2002, permitiu-me um primeiro diagnóstico da situação em que se encontravam os alunos relativamente às suas decisões e, neste sentido, funcionou como uma forma de aproximação ao terreno. O objectivo foi confrontá-lo com um segundo questionário, realizado no final do ano lectivo, a fim de analisar a evolução registada no que diz respeito às intenções de escolha. Acima de tudo, daqui resultou a selecção do conjunto de alunos a estudar com maior profundidade, constituindo um grupo onde procurei que a diversidade endógena (sócio-cultural) estivesse contemplada. Foi junto deste grupo que procurei uma abordagem fenomenológica, onde as entrevistas com os alunos e respectivas famílias assumiram especial relevo. O texto que se segue recai essencialmente sobre esta dimensão qualitativa da investigação, pelo que a par de uma fundamentação teórica invocarei os testemunhos dos actores envolvidos, em especial, aqueles que reflectem a influência familiar no processo de decisão vocacional. - Family influence on school and career youngsters’ aspirations can be regarded in many ways: as communicating values and information about different occupations; as acting as an example; or as imposing a career. In any case, family involvement plays an unquestionable role. That is why one has to keep it in mind when tries to analyse decision making processes regarding vocational careers. The current paper is about one of the most delicate moments in students and their family’s school life: the moment when students have to choose a branch of school knowledge which can lead them (or not) to a higher education program or to a vocational one. These considerations result from a broader research. Through the empirical study I tried to grasp the different rationalities present in the decision making about school and career projects at the end of compulsory education (9th grade), focusing in the unit of decision, that is to say, in the participation (more than influence) of other social actors: teachers, counsellors, peers and family. The decision making process arises, from this point of view, as a social product resulting from different constraints. On the one hand, there are representations, personal vocation, and expectations, and, on the other hand, family pressure, the proximity of a school and the available reports, “following the friends” or just avoid a discipline. More than explaining the decision making process of students, I tried to understand the way it develops in each case, the way students and their families cope with identity building process, which meaning they attribute to it and, thus, the representation they make of the world that surrounds them. According to this perspective, I conducted in-depth interviews to students and their families, but I also conducted two surveys with several 9th grade classes from three public schools in the area of Leiria (Portugal). The first one, carried out in February 2002, worked as a first diagnosis about the students’ decision making processes at that moment and allowed me to get in the research field. The purpose was to make a comparison with the second survey, conducted at the end of the school year in order to understand the evolution of the decision making process. From here it resulted the selection of a set of cases to be studied in depth, making a group where endogenous (socio-cultural) diversity was present.
- Em torno da família e da escola: pertinência científica, invisibilidade socialPublication . Vieira, MariaO objectivo deste texto é o de produzir reflexividade sociológica acerca de procedimentos em uso na investigação científica que toma a relação entre escola e família(s) como objecto. Reproduzem-se, em primeiro lugar, alguns dos enunciados sociológicos sobre o tema. Delimita-se, depois, uma questão do debate – a da emergência de um “mercado escolar” como produto da mobilização das famílias para o sucesso escolar dos filhos – e apresenta-se alguma da reflexão produzida pela autora a este respeito. Por fim, ensaia-se uma breve reflexão epistemológica a pretexto dos dados apresentados. - The aim of this paper is to produce sociological reflexivity about scientific procedures usually observed in the research on the relationship between school and families. In the first place, some of the sociological arguments on the subject are presented. Secondly, a further delimitation of this debate is made – the one that relates the rising of a “school market” with the mobilization of families towards the academic achievement of their children – and some of the research produced by the author on this topic is put forward. Finally, a brief epistemological consideration is attempted, concerning the results presented previously.
- O caderno vaivém enquanto estratégia pedagógica:um estudo etnometodológico sobre trajectos de participação parental, numa escola básica 2/3, situada em meio operário.Publication . Sousa, MariaO presente texto resulta de uma pesquisa1 que visou estudar a relação entre a escola e a família numa escola básica de 2º e 3º ciclos, pública, localizada em meio operário, designadamente os trajectos de participação parental e a possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Trata-se de um meio caracterizado pela heterogeneidade cultural e pela descontinuidade em relação à cultura escolar, em que é visível a complexidade das relações entre actores intervenientes no processo educativo, nomeadamente entre pais e/ou encarregados de educação e docentes. A temática em estudo foi alvo de pesquisa em investigações de especialistas nacionais e estrangeiros. Sendo os pais sujeitos com legitimidade jurídica, parte integrante de um mesmo processo denominado educativo, tentou-se investigar, através do método etnometodológico, com incidência na análise de discursos parentais, em registo escrito, recolhidos em trabalho de campo, os trajectos de participação parental na escola, no contexto supracitado, e as implicações destas formas de comunicação informal na participação parental e a (im)possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Através deste estudo, que exigiria mais tempo para um maior aprofundamento, chegou-se a algumas constatações, quanto à participação parental em meios de descontinuidade cultural face à escola e aos obstáculos que impedem essa interacção. Para que a participação dos pais se torne viável torna-se necessário: uma mediação activa entre a escola e a família; a valorização da epistemologia da escuta e a criação de espaços e tempos para dar lugar às narratividades parentais, bem como práticas de conhecimento e de enquadramento contextual local. Uma outra constatação notória: no estudo realizado não há afastamento dos pais da escola, nem a classe social a que estes pertencem impediu a existência de determinados tipos de participação parental; há, sim, formas diferentes de vinculação destes à escola, que a escola desconhece, revelando não estar preparada para lidar com a diversidade parental, não sendo permeável à heterogeneidade cultural local. A escola gera, nos processos de categorização interna que faz dos pais, processos de inclusão ou de exclusão, que, por sua vez, desencadeiam atitudes de auto-exclusão por parte daqueles com os quais não está interessada em se relacionar. Ser considerado membro da comunidade da escola, sendo acto legítimo, não é um acto natural: a categorização de membro é feita com base no capital cultural ou linguístico de que os pais são portadores. - The current paper is the result of a research which aimed to study the relationship between school and family in a middle school (5th through 9th grades), located in a working class area, focusing on the trajectories of parent participation and the possibility of parents becoming members of the local educative community. It is a milieu characterized by cultural heterogeneity and the discontinuity towards school culture and where it is visible the complexity of relationships among the social actors who interpret the educational process, in particular parents and teachers. Having in mind that parents are subjects with juridical legitimacy and part of a process labelled educative, the author tried to study – through an ethnomethodological approach, focusing on parental discourse, collected in written form during fieldwork – the trajectories of parent participation in school, within the above mentioned context, and the implication of the ways of informal communication in parent participation as well as the (im)possibility of parents becoming members of the educative community. Through this study, that would demand more time for a deeper understanding, the author arrived to some findings about parent participation in a context of cultural discontinuity towards school and about the obstacles that prevent that interaction. In order to make parent participation possible, it is needed an active mediation between school and family, as well as valuing the epistemology of listening and the creation of times and spaces that allow parent narratives, framed by practices of local, contextual, knowledge. Another important insight: the research does not show a separation of parents from school, nor does the social class background prevent the existence of certain types of parent participation; there are, indeed, different kinds of links between parents and schools that keep unknown from this one, revealing, thus, that school is not prepared to deal with parent diversity and is not permeable to local cultural heterogeneity. School generates, within the internal procedures of parent categorization, processes of inclusion or exclusion, which, at the same time, trigger self-exclusion attitudes from those it is not interested to relate with. To be considered as a member of the school community, being itself a legitimate act, it is not a natural act: the categorization of membership is done on the basis of the cultural or linguistic capital of which parents are bearers.
- Associações de pais e associações de estudantes: amigos, amigos, negócios à parte!Publication . Sá, VirgínioComo observam Silva e Stoer (2005), na escola pública portuguesa, e particularmente no ensino secundário, os alunos, aparentemente, beneficiam de uma “dupla representação”. Por um lado, são representados pelas suas associações, por outro lado, é também para defender “os interesses morais, culturais e físicos dos estudantes” 1 (CONFAP) que se abre espaço à intervenção das associações de pais na escola. Contudo, faltam estudos que se debrucem sobre o modo como se articulam e convivem estas duas estruturas associativas cujas agendas são, aparentemente, convergentes. Por isso, neste texto, mobilizando alguns dados empíricos, pretendemos contribuir para abrir o debate em torno das (des)articulações entre as associações de pais e as associações de estudantes, conferindo certo destaque às representações mútuas e à indagação sobre eventuais agendas concertadas para a intervenção na escola. Os “fragmentos discursivos” de que partimos, e cuja natureza muito parcelar desde já reconhecemos, apontam para duas (quase) estruturas, organizadas em torno de “mundos à parte”, acusando um desconhecimento recíproco (por vezes retórico), entrecortado por recriminações mútuas, pontualmente amenizadas por algumas realizações conjuntas, embora tuteladas por uma das partes. No sentido de contribuir para a dilucidação das desconexões e coexistência tensa entre as associações de estudantes e as associações de pais, avançamos com algumas “leituras” de inspiração sociológica e organizacional. No primeiro caso, mobilizando a distinção entre os processos de familialização, institucionalização e individualização (Edwards e Alldred, 2000), admitimos a hipótese de as associações de pais e as associações de estudantes estarem filiadas em “lógicas em tensão” e, portanto, sujeitas a uma convivência problemática. No segundo caso, admitimos que natureza “dissipativa” das estruturas em apreço, aliada à singularidade da sua inscrição no contexto de uma organização mais ampla, além de dificultar a sua intraconexão, parece também militar no sentido de tornar incerta a sua articulação lateral. - As noted by Silva and Stoer (2005), in Portuguese public schools, and particularly in secondary education, students, apparently, benefit of a “double representation”. On the one hand, they are represented by their associations, on the other hand, parents’ associations also have a role in defending “students’ moral, cultural and physical interests” (CONFAP). However, little is known about the ways of integrating and enhancing the co-operation of these two associative structures whose goals are, apparently, convergent. Therefore, in this paper, mobilizing some empirical data, our aim is to contribute to open the debate about the lack of articulation between parents’ associations and students’ associations, giving the prominence to the mutual images and hypothetical harmonized agendas for school intervention. The “discursive fragments” from which we start, and whose parcelled nature we acknowledge, point out to two (quasi) structures, organized around “worlds apart”, showing a mutual ignorance (sometimes rhetoric), intersected by mutual recriminations, occasionally softened by some joined accomplishments, although tutored by one side. Trying to contribute to the clarification of the disconnexions and tense coexistence between parents’ associations and students’ associations, we suggest some sociologically and organizationally inspired “understandings”. In the first case, mobilizing the difference between the familialization, institutionalization and individualization processes (Edwards e Alldred, 2000), an hypothesis may be highlighted that parents’ associations and students’ associations are anchored on “logics in tension” and, therefore, subject to a problematic coexistence. In the second case, the “dissipative” nature of the structures under analysis is also stressed, associated with the singularity of its inscription in the context of a wider organization. These two aspects make it difficult the intra-connexion between them, and seem also to militate in order to make uncertain their lateral articulation.
- Parents’ spots in school – challenging place –conscious partnershipPublication . Mendel, MariaThe way schools work may be grasped with various methods and frames of reflection. In my paper I am focusing on the analysis of school space, in which the “parents’ spots” are discovered in the context of democratisation of school life and the lack of physically and mentally understood basis of fostering the parental culture in Polish school space. The mostly semiotic and critical analysis is grounded in Edward Hall’s conception of cultural meaning of space. Most parts of the text refer to the questions such as: What kind of place exists for the parents at the school of their children? Is it a friendly place for them? If it is, why, if it is not friendly – why is it so? Are the places that are visited by parents in school under control? Are there any power relations in school possible to be seen on the basis of the analysis of the distribution and monitoring of a school space? What are they, if there are any? Etc. In the conclusions I am appealing to consolidate efforts and to create a new shape of school reality, in which parents as school-community partners would have an opportunity to develop their own culture – a condition sine qua non of democratisation of school life. It would be achieved if parents did not have merely the spots in school but real partner place in its space. - O modo como as escolas funcionam pode ser compreendido através de vários métodos e quadros de reflexão. O meu texto focaliza-se na análise do espaço escolar, no qual os “lugares para pais” [parents’ spots] são descobertos no contexto da democratização da vida escolar e da falta de uma base de compreensão do desenvolvimento físico e mental de uma cultura parental no espaço escolar polaco. A análise maioritariamente semiótica e crítica baseia-se na concepção de Edward Hall do significado cultural do espaço. A maioria das partes do texto remete para questões como: que tipo de lugar existe para os pais na escola dos seus filhos? É amigável? Se sim, Porquê? Se não, porque é que isso acontece? Os espaços visitados pelos pais na escola são controlados? É possível detectar relações de poder com base na análise da distribuição e supervisão do espaço escolar? Que relações são essas, se é que existem? Etc. Nas conclusões faço um apelo à consolidação de esforços e à criação de uma nova forma de realidade escolar na qual os pais, enquanto parceiros da comunidade escolar, teriam oportunidade de desenvolver a sua própria cultura – uma condição sine qua non de democratização da vida da escola. Isto seria possível se os pais não se limitassem a ter lugar na escola, mas um verdadeiro lugar de parceria no seu espaço.
- Kids' rooms as plus territoryPublication . Winther, IdaIt has become a condition for modern people to be ‘on the move’ (Bauman 1998, Rushdie 1995, Diken 1998). We move physically, mentally and, especially, virtually. The new global space and the use of new technologies undermine the old conception of Home. These days Home has to be revitalized. It is important, because at home we try tactics ‘to home oneself´. An ability even more important than ever, because we move away from the hegemonic idea about one home to the tactics to feel at home, eventually in more mobile ways. I have examined how some children at the age 10-11 make themselves at home. How they domesticate, capture territories and places. What do our children do to get place, space and rooms, which belong to them? How do they do home? ‘To home oneself’ can be understood as a self-technology or a tactic (de Certeau, 1984), a tactic to make space around oneself on the places one stay. A way to commit oneself in between the well known and the un-known. It is a tactic one can use other places that at home, also in schools or in other kind of pedagogical relationships. - Tornou-se uma condição dos tempos modernos o “estar em movimento” (Bauman 1998, Rushdie 1995, Diken 1998). Nós movimentamo-nos fisicamente, mentalmente e, em particular, virtualmente. O novo espaço global e o uso das novas tecnologias minam a velha concepção de Lar. Nos dias de hoje o Lar tem de ser revitalizado. É importante porque em casa tentamos tácticas para “nos fazermos sentir em casa” [to home oneself’], uma capacidade mais importante do que nunca,dado que nos afastamos da ideia hegemónica de um lar, para a táctica de nos sentirmos em casa, eventualmente através de meios mais móveis. Eu investiguei como é que crianças de 10-11 anos se fazem sentir em casa, como é que domesticam e capturam territórios e lugares. O que é que as nossas crianças fazem para conseguir lugar, espaço e salas que lhes pertencem? Como é que elas “fazem casa” [do home]? “Fazer-se sentir em casa” pode ser entendido como uma auto-tecnologia ou como uma táctica (de Certeau, 1984), uma táctica para conseguir espaço à sua volta nos lugares em que se fica, um modo de se arrumar entre o bem conhecido e o desconhecido. Constitui uma táctica que pode ser usada noutros espaços que não o do lar, como nas escolas ou noutro tipo de relações pedagógicas.
- Editorial: escolas, familías e lares, um caleodoscópio de olharesPublication . Silva, Pedro
- Dinâmicas familiares e investimento na escola à saída do ensino obrigatórioPublication . Diogo, AnaEste artigo apresenta algumas linhas de força de um trabalho mais vasto sobre o investimento realizado pelas famílias em matéria de escolaridade, na transição para o ensino secundário. O investimento das famílias é perspectivado a partir da articulação das abordagens clássicas da sociologia da educação, com um conjunto de contributos direccionados para o contexto familiar, enquanto espaço de dinâmicas sujeitas a lógicas que não se esgotam no ethos de classe. Concebendo a família como condição social e simultaneamente como grupo, procurou-se conhecer, num estudo empírico realizado na ilha de S. Miguel, as dinâmicas familiares com impacto na escolaridade dos jovens. Com recurso a modelos de regressão logística pudemos concluir que na origem das desigualdades de investimento na escola se encontram processos ligados às diferenças de condição social, mas independentemente destas, também dinâmicas de mobilização no sucesso e na carreira escolar por parte das famílias. - This article presents some main points of a wider work about the investment done by families in education, concerning the transition to the secondary school level. Families’ investment is analysed from the classical perspectives of sociology of education, with a set of attributes of the family’s context, as a space of interactions, subject to logics that are not exhausted in the ethos of social class. Viewing the family as a social condition and simultaneously as a group, we tried to perceive, in an empirical study done in the island of S. Miguel, Azores, the family dynamics that impact on the youth’s schooling. Resorting to logistical regression models, we can conclude that on the basis of school investment disparities, there are processes associated to social differences, but independently of those, there are also mobilization dynamics in the success and in the school career of families.