Amendoeira, José2010-06-172004http://hdl.handle.net/10400.15/92Tese de Doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, pelo Mestre José Amendoeira, para obtenção do grau académico de Doutor em Sociologia da Educação.O estudo do(s) Modelo(s) de formação em enfermagem na segunda metade do século XX e a concepção e a utilização do conhecimento em enfermagem, constitui-se no objecto desta tese, inserindo-se a investigação na tendência actual da sociologia da educação, porque satisfaz as pretensões de clarificação da disciplina de enfermagem tal como se assume na hipótese de trabalho - A construção do modelo de formação em enfermagem ocorre pela dialéctica entre a formação e a profissão, suportando a actual concepção e organização do ensino de enfermagem. Adopta-se uma perspectiva teórica, que transcenda a teoria enquanto análise substantiva ou concreta de um determinado aspecto da realidade social, considerando que os factos emergentes dos três domínios em estudo – os espaços, os curricula/saberes e os actores, não são dados brutos, sendo construídos e procurados na base das perspectivas teóricas diferenciadas. Mobiliza-se a existência de uma polarização teórica de base que considera as teorias da reprodução educativa orientadas para a transformação: de um lado os modelos estruturalistas relativamente estáticos e fechados; do outro, os modelos mais abertos, que dão particular relevo à dialéctica entre acção e estrutura associando a sociologia da acção e a sociologia da educação. Assume-se o método histórico como enquadrador da metodologia das histórias de vida e sócio histórica, com a utilização de técnicas, respectivamente a entrevista etnobiográfica e a análise documental, numa estratégia de estudo de caso único, com características qualitativas, permitindo contribuir de forma singular para o conhecimento dos fenómenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. O conceito de transicionalidade, permitiu propor um modelo interpretativo da transição ocorrida no modelo de formação entre uma orientação biomédica e uma orientação para o pensamento complexo, transição esta mediada pela sociologia do currículo, em que este é considerado nas duas dimensões propostas por Apple e, pela sociologia dos grupos profissionais, nas dimensões processo de profissionalização e identidade sócio-profissional de acordo com Dubar, e que se designa por Modelo Transicional. Como principais conclusões emergentes de cada domínio, salientam-se: Espaços: - Apesar de se considerar claramente a existência de escolas autónomas de nível superior, a indecisão política quanto à organização da rede escolar parece inibir a transição acabada para escolas capazes de desenvolver a integralidade das suas autonomias como estabelecimentos do ensino superior. Currículo / Saberes: - a disciplina de enfermagem mobiliza conceitos teóricos próprios, como conteúdos, mas em que a sistematização dos saberes tem ocorrido a partir da introdução da reflexividade na acção e não pela investigação da essência e da natureza da enfermagem; - quanto à forma, considera-se ter ocorrido a verdadeira transição, com a unificação do nível de formação e com a integração no ensino superior, ao nível da licenciatura. Actores: - O processo de construção do grupo profissional dos enfermeiros é socialmente reconhecido pela decisão histórica de unificação do nível de formação, passando a existir um único profissional enfermeiro, a partir de 1975. Actualmente ocorre o processo de consolidação e sedimentação da qualificação dos enfermeiros e dos professores de enfermagem, onde a identidade sócio-profissional em construção, se associa ao reconhecimento social destes.porENFERMAGEM-HistóriaMODELOS DE FORMAÇÂO EM ENFERMAGEM-Séc. XXCONHECIMENTO EM ENFERMAGEMEntre preparar enfermeiros e educar em enfermagem. Uma transição inacabada 1950-2003. Um contributo socio-historico.doctoral thesis